O IMPACTO DA FAMÍLIA NO FUTURO DAS CIDADES.

Qual é a relação entre a Constituição Federal e as leis específicas vigentes em nosso país com uma cosmovisão bíblica sobre a vida em sociedade? Em dias onde o número de crimes contra as pessoas em situação de vulnerabilidade tem aumentado de forma assustadora em nosso país, devemos ter clareza sobre a postura que nós como cidadãos devemos assumir em termos de mobilização da sociedade civil e instituições governamentais. É preciso desenvolver inteligência estratégica a partir dos fundamentos bíblicos sobre a vida social, para que possamos em um primeiro momento, interromper o crescimento destes índices de violência e posteriormente trabalhar para a diminuição gradativa de tais crimes.

Sem dúvida, qualquer intervenção a nível de cidade é uma ação complexa. Primeiro porque são muitos agentes envolvidos em cada contexto com suas culturas particulares dentro de um país intercontinental.  Segundo, porque poucos compreendem quais são os papéis específicos e complementares da família, da igreja, do estado e das organizações civis neste processo. Em terceiro lugar, a maioria dos cidadãos brasileiros desconhecem as leis de seu país, porque além de serem muitas, possuem lacunas que são inteligentemente exploradas por juristas em favor de seus clientes. E em quarto lugar, mas não menos importante, a falta de estrutura governamental adequada, ágil e eficiente restringe e limita a eficácia do estado como principal agente de aplicação das leis visando proteger a vida das pessoas nas cidades.

O IMPACTO COLETIVO DAS ESCOLHAS PESSOAIS

Outro ponto que será abordado em nossas reflexões são o impacto da escolhas pessoais na vida social, bem como, da importância da família como modeladora da cultura da cidades, sendo desta forma, não apenas a principal base de sustentação de uma nação, como também a principal ameaça a vida em sociedade na medida em que se desfragmenta em sua estrutura funcional, se enfraquece em seus relacionamentos primários e empobrece em sua capacidade de promover uma cultura de paz na cidade, construindo um ambiente saudável para o desenvolvimento das futuras gerações.

Toda esta complexidade social nos leva a ponderar sobre nossa incapacidade não apenas estrutural e coletiva como nação, mas também de responsabilidade  individual, na medida em que cumprir a lei se torna um grande desafio quando se desconhece seu conteúdo e finalidade. Uma outra questão que devemos analisar com bastante cuidado em nosso tempo, onde muitas pessoas estão em busca de uma causa que traga sentido a sua vida, é como podemos levantar a bandeira e nos tornarmos uma voz para aqueles que não são ouvidos se não conhecemos de maneira profunda a causa com a qual estamos engajados, sem entendimento do que fundamenta suas reivindicações e qual a cosmovisão de Deus sobre tal assunto.

Qual deve ser então nossa principal postura diante da complexidade da vida nas cidades?  Devemos mobilizar alguma ação em favor do próximo ou apenas permanecer escondidos em nossos guetos tribais?

Sempre é mais fácil olhar de forma impessoal para as  pessoas que estão sendo vitimizadas pela violência na cidade, do que se envolver com soluções que promovam transformação. Infelizmente, muitos tem preferido manter-se em silêncio do que assumirem um compromisso verdadeiro com o próximo como nos instrui o Apóstolo Tiago. Outros porque desconhecem como a Bíblia aborda estas temática, enquanto alguns se omitem, porque apenas aguardam a salvação da sua própria alma por causa de uma visão limitada sobre o propósito eterno de Deus na história da humanidade.

AS AÇÕES COMO EXPRESSÃO DA COSMOVISÃO

Darrow Miller afirma que “idéias tem consequências, portanto, para assegurar de serem as ideias certas, devemos examinar as hipóteses atrás delas. Devemos avaliar as atitudes e o comportamento, as regras e práticas que fluem delas.” Se nossas iniciativas em direção as necessidades de pessoas em situação de vulnerabilidade não forem fruto de uma cosmovisão bíblica tudo o que realizarmos será de alguma forma, ineficaz na proposta da prática da justiça em nossa sociedade, pois  conforme descrito em Miquéias, a prática de ações de justiça deve ser fruto de um coração misericordioso e de uma relação íntima através do andar humildemente com Deus (Mq 6.8).

Este viés da justiça como resultado de uma posição correta diante de Deus e de uma cosmovisão bíblica como resposta para todas as demandas da sociedade contemporânea norteará esta série de reflexões. Nosso objetivo principal é cooperar com o desenvolvimento de uma mentalidade que vise entender o nosso papel nesta esfera espiritual e social, e como por meio de uma práxis cristã, podemos apresentar soluções inteligentes e objetivas como resposta as necessidades do próximo, tendo como eixo mobilizador o ambiente da família de Deus, onde o sacerdócio se evidencia e se legitima na maneira que se conduz a vida no cotidiano da vida nas cidades.

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